Você sabia que a pele é o maior e mais extenso órgão do corpo humano? Ela corresponde a 15% do peso total de uma pessoa. Isso quer dizer que, se uma pessoa pesa 60kg, 9kg são pele!
A pele reveste e delimita o organismo, separando e protegendo o “interior” do mundo externo. Ela desde muito cedo tem uma íntima relação com o sistema nervoso. Ambos derivam da mesma camada embrionária (ectoderme). Relação que continua através dos anos atuando como representante de emoções e sensações, trazendo para a superfície do corpo sentimentos da alma.
Essa relação pele/emoção é muito bem exemplificada pelo ditado popular “à flor da pele” (momento em que as emoções superam a razão, em que os sentimentos brotam como o suor que sai da pele).
O lado emocional e o stress podem agravar ou desencadear dermatoses, mas, em contra-partida, algumas dermatoses podem levar à estigmas e gerar alterações emocionais e stress na pessoa (como vergonha, ansiedade ou tristeza). A pele comprometida, principalmente em áreas descobertas, expõe o paciente e gera desconforto e sofrimento psíquico.
Há mais de 200 anos essa relação (psico-dermatológica) vem sendo observada e, mais recentemente, bastante estudada (Psicodermatologia ou Dermatologia Psicossomática ou Medicina Psicocutânea).
Como principais dermatoses de fundo emocional temos: a Acne (que pode ocorrer ou piorar devido ao stress) , o Vitiligo (que apesar de não comprovado, seu aparecimento é muito comum após traumas ou eventos emocionais extremamente desagradáveis), Psoríase, Alopécia Areata (queda de cabelos localizada ou generalizada até mesmo de pelos e sombrancelhas), queda de cabelos do tipo Eflúvio Telógeno (que pode ser por várias causas inclusive o stress), Dermatite Seborréica (piora muito com stress e pode apresentar recidivas pelo stress), Dermatite Atópica, Hiperhidrose localizada ou não (aumento importante do suar em alguma área do corpo; muitas vezes desencadeada por uma situação de stress). Todas essas dermatoses, além de serem causadas por fundo emocional também podem, pela não integridade da pele, gerar ansiedade, tristeza e stress.
É muito comum atender pacientes com problemas causados por stress emocional. Os mais comuns são queda de cabelos e Acne. A Acne que era uma dermatose quase que exclusiva dos adolescentes vem aumentando consideravelmente nos adultos. E nesse caso, na maioria das vezes, está relacionada ao stress. A queda de cabelos também é uma queixa extremamente freqüente. Costumo fazer uma investigação cuidadosa de todas as possíveis causas, mas, na maioria dos casos, a causa responsável pela queda dos cabelos, é o stress.
Outra dermatose freqüente no meu consultório que piora com stress é a Dermatite Seborréica (a popular “caspa”). A Dermatite Seborréica pode ocorrer pela primeira vez em um paciente pelo stress. Ela pode ser controlada e se manter assim por longos períodos, porém, muitas vezes, novos episódios são desencadeados pelo stress novamente.
Para terminar, algumas dicas para combater o estresse e o nervosismo a fim de evitar que seus efeitos prejudiquem a saúde e da pele e dos cabelos.
Que o ideal é manter uma alimentação saudável, não fumar, ingerir pouca bebida alcóolica, praticar esportes e equilibrar vida pessoal com vida profissional todo mundo já sabe. O difícil é colocar em prática! Nunca teremos um mundo ideal.
Eu sempre falo para os meus pacientes: “pouco provável passar pela vida sem stress, precisamos aprender a lidar com stress, cada um de sua maneira, para não deixar que ele afete o nosso bem estar, a nossa integridade física e mental”. Não há receita pronta.
Pode ser organizando a agenda, diminuindo a auto-crítica, identificando fontes de stress e tentando eliminá-las ou realizando atividades que lhe dêem prazer. Como dizia um professor meu: “a doença é a chance de cura”. A chance de perceber que algo não está bem, identificar o problema e tentar mudar, cada um da sua maneira, no seu tempo. Afinal, parafraseando Caetano, cada um “sente na pele” a dor e a delícia de ser o que é.